AMAN75-83
O tema é: Brasil em perigo

DUAS DATAS

Por: JOSÉ GOBBO FERREIRA - CEL

Em: 23 de JUNHO de 2023

No mês de maio ocorreram em tempos passados duas datas significativas para nosso País.

Na primeira, 8 de maio, comemorou-se a vitória das Forças Aliadas na Europa, encerrando a sanguinária Segunda Guerra Mundial. O afundamento por submarinos alemães de diversos navios brasileiros, de guerra e mercantes, tinha levado o Brasil a entrar naquele conflito.

Todas nossas três Forças Singulares participaram do combate em 1944/1945. A mais jovem, a Força Aérea Brasileira, criada em 20 de janeiro de 1941, ficará para sempre lembrada pelo seu lema: “Senta a Pua”. O Exército criou seu símbolo de determinação sob a forma da cobra fumando. A Marinha, Cisne Branco silencioso e perseverante, patrulhou nossa costa e escoltou comboios atravessando o Atlântico pagando sempre o preço dessa dedicação e dessa bravura.

Foram muitas as páginas de heroísmo que nossos guerreiros escreveram nos montes gelados dos Apeninos, na Itália. Homens como os soldados Geraldo Baêta da Cruz, Geraldo Rodrigues de Souza e Arlindo Lucio da Silva, mereceram do próprio inimigo a inscrição “Três Heróis Brasileiros” (Drei Brasilianische Helden) na cruz que marcou suas sepulturas. Como o bravo Sargento Max Wolf Filho ou o jovem Aspirante Francisco Mega, entregaram seu sangue e suas vidas na defesa da liberdade, lutando contra a tirania e a desumanidade.

A passagem dessa data traz uma tristeza insuportável ao coração e lágrimas sentidas aos olhos dos soldados de minha geração. A comparação ontem/hoje é desoladora! Homens daqueles tempos, de tanta bravura e grandeza moral, se sacrificaram por outras Pátrias enquanto hoje seus sucessores prevaricaram, recusando-se ao risco de “sofrer incômodos” se tivessem que perturbar seu repouso cumprindo o dever de defender a sua própria.

Os de ontem, nos cenários gelados e traiçoeiros da guerra, onde chegaram trajando uniformes não adequados, armados com equipamento inferior e treinamento insuficiente ainda baseado na Missão Francesa, vestiam uma farda simples, porém invicta, em cujas cores rebrilhava a glória e fulgia a vitória. E venceram.

Os de hoje, gozam de conforto em seus gabinetes e casernas ou mesmo no campo, em suas barracas de última geração. Usam uniformes mais elegantes, são armados com armas modernas e treinados com o emprego de técnicas atuais, mas permitiram que sua farda fosse maculada pela traição, e que nas cores delas agora chore a vergonha e soluce a derrota.

Se, no fragor do combate, um dos lemas daqueles heróis era: “não se deixa um companheiro para trás”, hoje os chamados “chefes”, covardemente submissos ao inimigo interno, entregam à Gestapo tupiniquim seus próprios subordinados, (como antes já entregaram cidadãos brasileiros), para que sejam presos e arrastados aos tribunais de uma inquisição tresloucada, impiedosa e arbitrária a fim de responderem a processos kafkianos por crimes que não cometeram, alguns dos quais nem sequer constam daquilo que já foi um dia o ordenamento jurídico deste País.

Drei Brasilianische Helden! Será que seria possível encontrar três heróis no Exército de hoje? Três! Apenas três? Enquanto isso o Brasil, sem nenhum apoio, nenhuma proteção desses que tinham isso por missão, marcha a passos largos rumo à mesma tirania que aqueles heróis do passado combateram.

A segunda data é o 13 de maio. Nesse dia, há 135 anos, a Princesa Isabel assinava a Lei que colocou em liberdade todos os seres humanos que se achavam presos nos grilhões da escravidão e restituiu-lhes a dignidade que jamais poderia ter-lhes sido roubada.

É óbvio que os recém libertos haveriam de encontrar enormes dificuldades pela frente. Em um País de limitadas oportunidades, a inserção de centenas de milhares de pessoas no mercado de trabalho teria que enfrentar problemas, principalmente pela falta quase absoluta de escolaridade e qualificação por parte da maioria dessa multidão e pela falta de estrutura para a educação de seus filhos, que os preparasse para vencer e progredir nos combates da vida.

Porém, o passo inicial fora dado. Daí para a frente, a passos lentos, a maior sociedade multirracial pacífica do mundo foi sendo construída, graças em muito à atávica tendência à miscigenação de raças que herdamos de nossos avós portugueses. Portugal, localizado na beira do oceano, no extremo ocidental da Europa, era o ponto final das migrações e das conquistas dos mais diferentes grupos raciais, como Lusitanos, Romanos, Visigodos, Árabes etc, favorecendo um ambiente de tolerância e miscigenação que mais tarde soubemos incorporar.

Mas a harmonia social que fomos sedimentando está sendo destruída pela chegada em nossa terra das malditas ideologias corruptoras da sociedade, que iniciaram o processo de lançar o “nós” contra “eles”, negros contra brancos, ricos contra pobres, mulheres contra homens e assim por diante, dividindo para desconstruir.

Uma Lei, promulgada no passado pela Princesa Isabel teve o condão de libertar aquela multidão de sofredores. Mas, se o respeito a UMA Lei pôde tornar livres TODOS os indivíduos então escravos, o desrespeito a TODAS as Leis, como ocorre hoje em nosso País, vai acabar por transformar em escravos TODOS os cidadãos que hoje se sentem livres.

Acorda Brasil! A escravidão retorna a passos largos e agora para todos, de todas as raças, de todas as cores. Levanta-te de teu berço esplêndido e vai à luta. Um povo que não tem a virtude da coragem para lutar por sua liberdade não merece desfrutar de suas benesses. É como cantam nossos irmãos Gaúchos em seu hino: “mas não basta para ser livre, ser forte aguerrido e bravo,

povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”.

Deus guarde nossa sofrida Nação Brasileira!